Drivers do Windows
Este artigo foi atualizado em 2020 com informações adicionais a atualizadas do vídeo abaixo:
Nessa primeira parte eu abordo em detalhes atualização de drivers e porquê programas de atualização de drivers que ficam residentes na memória são completamente desnecessários, além dos problemas graves que podem acontecer quando usuários afobados teimam em instalar um novo driver assim que ele está disponível. Esse artigo complementa o artigo “A praga dos otimizadores de PC”.
A segunda parte desse artigo aborda temas adicionais:
Drivers WHQL, que são os drivers certificados pela Microsoft
A pasta DriveStore
Eliminação de drivers antigos para recuperar espaço em disco
Backup de drivers
Por que a data dos drivers é de 2006?
… entre outros assuntos.
Essa é a primeira parte do artigo Drivers do Windows A FUNDO, um tema que está dividido em duas partes.
Drivers de vídeo
Isso acontece pois os componentes gráficos envolvidos em aplicações (não somente jogos) que utilizam maciçamente a placa de vídeo evoluem muito mais rápido do que os demais componentes do computador, seja através das novidades do DirectX ou OpenGL, dos algoritmos de compressão de imagem e vídeo, do uso mais inteligente dos cores do processador, do aproveitamento maior da GPU, resultando em imagens e vídeos cada vez mais realistas sendo criados cada vez mais rápido.
Essa constante evolução permite que um novo driver de vídeo resulte em melhor desempenho em determinados jogos ou aplicativos, permitindo inclusive a criação de drivers específicos para algumas situações.
Na NVIDIA, um bom exemplo disso é o driver GeForce 378.78 que permite que o jogo Rise of the Tomb Rider funcionando sob DirectX12 tenha um desempenho 33% maior em relação aos drivers anteriores, e o NVIDIA AutoCAD Performance Driver (um driver de vídeo específico para usuários de versões antigas do AutoCAD que utilizam suas placas de vídeo QUADRO) que permite executar algumas tarefas até 10x mais rápido em comparação com o driver comum.
A AMD também criou o driver Crimson ReLive for BlockChain Compute que permite minerar moedas virtuais muito mais rápido do que utilizando o driver comum da AMD.
Embora isso mostre que um driver possa melhorar MUITO o desempenho de um jogo ou aplicação, isso é um evento muito mais raro do que você imagina pois no mundo real a realidade é outra.
Exemplos de 2019
Eu vou usar como exemplo as informações do changelog dos últimos 4 drivers disponibilizados pela NVIDIA:
Dia 13 de fevereiro de 2019 a NVIDIA lançou o driver mais recente: o GeForce 418.91 que corrigiu problemas relacionados ao Control Panel da NVIDIA e um erro de log quando a opção Digital Vibrance era modificada, além de melhoria na performance do jogo Witcher 3 quando o usuário utiliza duas ou mais placas de vídeo com G-SYNC habilitada.
No dia 04 de fevereiro de 2019 ela disponibilizou o driver GeForce 418.81 que corrigiu um problema do GeForce Experience com app UWP do Twitter, além de solucionar problema de flickering em alguns jogos com G-SYNC habilitado e problemas com monitores G-SYNC.
No dia 15 de janeiro de 2019 a NVIDIA lançou o driver GeForce 417.71 que corrigiu um bug quando uma GPU era conectada a três monitores, solucionou um problema de suspensão com monitores Display Port, além de corrigir problemas no notebook MSI GT83, tela preta no monitor BenQ XL2730 quando ele funcionava a 144Hz e corrigiu um bug que podia causar travamentos no jogo Shadow of the Tomb Raider em modo DirectX 12
E no dia 12 de dezembro de 2018 a NVIDIA lançou o driver GeForce 417.35 que corrigiu um erro no Painel de Controle, além de corrigir um bug nos jogos Battlefield V, Hitman 2 Silent Assassin e alguns jogos 3D em notebooks.
Agora que você sabe o que mudou de um driver para o outro:
Qual deles você acha que vai deixar o seu Windows mais rápido?
Qual desses drivers aumentou o desempenho no seu jogo ou em qualquer atividade gráfica?
Qual deles fez com que seu computador “ficou mais leve”?
Qual desses drivers aumentou a produtividade de alguém que trabalha com PC o dia todo?
Resposta: NENHUM deles, pois NADA neles foi alterado em relação a ganho de performance.
O mesmo acontece com usuários que utilizam notebooks antigos cujos drivers são de 2011 ou 2012, e ficam preocupados por não existirem drivers mais recentes. Vamos pensar de uma maneira prática: se o periférico está funcionando perfeitamente, não gera nenhum erro ou problema, então realisticamente não há motivo para se desesperar em atualizá-lo.
Problemas com drivers novos são bastante comuns: a Intel disponibilizou o driver 19.1.0 para WiFi que causava tela azul, um driver de áudio da Realtek causava tela azul em computadores da HP, alguns drivers de controladoras USB 3.0 são reconhecidamente instáveis (eles funcionam em alguns computadores, mas não em outros), e também temos o conhecido caso da GeForce 196.75.
O caso da GeForce 196.75
Em 2010 a NVIDIA disponibilizou oficialmente o driver GeForce 196.75 que tinha um bug no sistema de controle refrigeração: ao invés de aumentar a velocidade de rotação da ventoinha quando a placa esquentava, esse bug fazia com que a ventoinha diminuísse a velocidade até parar por completo.
Resultado: muitos usuários que tinham acabado de instalar esse driver tiveram as suas placas queimadas depois de jogarem por 20 minutos. A NVIDIA removeu o driver do seu site (sugerindo os internautas retornarem à versão 196.21), mas ele já havia causado sérios problemas para todos aqueles que (apressadamente) instalaram ele.
Esses são apenas alguns exemplos de drivers problemáticos que foram disponibilizados e que causaram sérios problemas. E embora isso não seja comum, eles apenas ressaltam o risco que o usuário desesperado corre ao atualizar drivers assim que eles são disponibilizados, seja manualmente ou através dos atualizadores de drivers.
É importante que você compreenda que fabricantes de periféricos disponibilizam um novo driver somente quando há necessidade REAL disso, principalmente para corrigir algum problema que afete a estabilidade ou segurança, e eventualmente alguma nova funcionalidade.
Se um driver realmente beneficia um determinado programa ou jogo que você utiliza, como nos exemplos do Rise of the Tomb Rider sob DirectX12, na mineração de moedas virtuais com a placa da AMD ou no jogo Witcher 3 quando o usuário utiliza duas ou mais placas de vídeo com G-SYNC habilitada, aí sim eu concordo que vale a pena você instalá-lo e testá-lo.
Outro bom exemplo que justifica a atualização de drivers: em março de 2019 a NVIDIA informou que disponibilizará em breve drivers atualizados para as placas de vídeo GeForce GTX que vão suportar ray tracing (tecnologia que permite a criação de imagens e ambientes com reflexão, refração e sombras extremamente realistas) sem necessidade de qualquer atualização ou mudança no jogo:
O resultado disso é espetacular e sem dúvida alguma será benéfico para todos os jogadores que tiverem placas compatíveis com essa tecnologia:
Se o novo driver não resultar em ganho de performance real ou novas funcionalidades (como a ray tracing), então simplesmente não existe vantagem em atualizar o driver. Se você não acredita nisso, basta acessar fóruns focados em hardware e ler inúmeros os casos reais de usuários que precisaram desinstalar o driver que ele acabou de instalar pois ele dava tela azul, o jogo travava ou alguma coisa que funcionava direito antes agora tem algum problema.
É justamente por isso que esses programas de atualização de drivers não devem ser utilizados no dia-a-dia, pois na prática a utilidade deles está limitada aos dois exemplos que eu citei anteriormente.